Pastoral dos Solteiros (I): Casamento ontem, hoje e amanhã
por Marta Pimenta de Brito (Jantar conferência: "Ser Solteiro: situação temporária dolorosa ou uma oportunidade?", 17.05.19, Seminário de Nossa Senhora de Fátima, Alfragide)
No sentido de uma análise sociológica do fenómeno do casamento, irei tentar responder a três questões socorrendo-me dos dados de três fontes diferentes - Pordata, Peer Research Center e Barna:
1. Como têm as relações e os comportamentos mudado ao longo dos tempos?
2. Para que modelo de organização de sociedade caminhamos?
3. Será que o casamento vai sobreviver aos millennials e à geração Z?
Iniciando pela primeira questão "Como têm as relações e os comportamentos mudado ao longo dos tempos?", vejamos os dados sobre o casamento e sobre o divórcio.
De acordo com a Pordata, se em 1960 o total de casamentos em Portugal era de 69.457, em 2018 este total desce para 34.637. Temos um aumento de casamentos depois do 25 de Abril e depois parece descer até 2014, havendo agora uma ligeira subida. Segundo a mesma fonte se em 1990 se registavam 51.963 casamentos católicos, este número diminiu em 2018 para 11.043, enquanto que no que diz respeito aos casamentos pelo civil, se em 1990 se registavam 19.691, em 2018 este número sobe para 22.826. Enquanto que os casamentos católicos tiveram uma descida estando desde 2013 estáveis, o casamento civil subiu em 2017. A idade com que homens e mulheres casam em média tem vindo a aumentar, estando em 2018 nos 32,1 anos para mulheres e 33,6 para homens, quando em 1960 as mulheres casavam em média aos 24,8 anos de idade e os homens aos 26,9 anos de idade.
No que toca ao divórcio, de acordo com a Portada, se em 1960 o total de divórcios em Portugal era de 749, em 2017 este total sobe para 21.577. Segundo a mesma fonte se em 1960 se registavam entre católicos apenas 68 divórcios, este número sobe em 2017 para 11.443. Já entre os que casaram pelo civil, se em 1960 o número de divórcios era de 680, em 2017 este número sobe para 10.042. Nota-se, contudo, que o divórcio tem vindo a diminuir desde 2002, sendo mais elevado entre os católicos.
Seguindo para a segunda questão "Para que modelo de organização de sociedade caminhamos?", vejamos os dados sobre razões principais para casar e razões para ainda não ter casado.
Em 2013 foi feito um estudo pelo Peer Research Center com a população geral em que 88% das pessoas diziam que o amor era a razão mais importante para casar, seguindo-se o compromisso para a vida e a companhia. Menos de metade apontava os filhos como razão principal. Num estudo de 2014 feito igualmente pelo Peer Research Center com jovens adultos solteiros, os mais novos davam como razão serem demasiado jovens para assentar, os do meio referiam não ter condições financeiras e os maiores de 35 anos diziam não ter encontrado a pessoa certa. Parece no entanto que a maternidade e o tamanho da família estão a aumentar: em 2016 86% das mulheres entre os 40-44 anos de idade tinha dado à luz pelo menos 2 filhos.
Terminando com a terceira questão, "Será que o casamento vai sobreviver aos millennials e à geração Z?", vejamos os dados sobre como as diferentes geraçõe vêem o casamento e a família.
De acordo com um estudo do Peer Research Center, prevê-se que em 2030 25% dos adultos entre os 45-54 anos de idade seja solteiro. Um estudo de 2014 também feito pelo Peer Research Center aponta que um terço dos milenials dizem não ganhar o suficiente neste momento mas mais de metade acredita vir a ganhar no futuro. Embora 73% dos milenials não tenham casado até completarem 30 anos de idade, apenas 40% acredita que o casamento está obsoleto ou que as novas formas de família são uma coisa boa. Apesar de até aos 32 anos de idade apenas 26% dos milenials terem casado, 70% quer casar e 74% quer ter filhos. De acordo com um estudo da Barna, quando questionados sobre a moral apenas 20% das novas gerações acham que a mesma muda conforme a sociedade e as crenças individuais. Quase 40% das novas gerações acredita que o casamento devia ser um compromisso para a vida entre um homem e uma mulher.
Como conclusão desta pequena análise sociológica, gostava de enfatizar a necessidade de a Pastoral dos Solteiros ajudar os solteiros, especialmente aqueles acima dos 35 anos de idade, a encontrar a sua cara metade promovendo eventos de formação humana e espiritual e plataformas de online dating focadas no casamento. Por outro lado, a Pastoral dos Solteiros deve promover através de eventos e formação bons casamentos cujas bodas sejam festejadas a cada ano e não apenas ao fim de 25 ou 50 anos, pois a festa promove a união e vice-versa.
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