Viagens de um Solteiro: Ipod
por Marta Pimenta de Brito
Estava em Kyoto com uma amiga. Íamos ver um templo budista. O sol brilhava e havia muita humidade. Todo o tempo tinha que abanar o meu leque. Às vezes, era difícil respirar. Mas melhor que chuva.
Saímos do hotel e apanhámos um autocarro. O autocarro estava cheio, mas encontrámos dois lugares na parte de trás. Mais e mais pessoas entravam em cada paragem. Nós não sabíamos exactamente onde sair. Mas havia muitos turistas. E, como bom turista, pensei: "Bem, onde todos saírem, vamos, não há problema".
O que não pensei é que os turistas têm horários, planos e rotas diferentes. E que Kyoto tem mais que um lugar interessante para visitar. A dado momento a minha amiga pegou em todos os mapas que tínhamos e tentámos perceber o trajecto do autocarro.
Quando não se fala o idioma local, estas situações podem tornar-se realmente difíceis. Fomos apanhados em dúvidas, o autocarro a ficar cada vez mais cheio e o ar pior.
Decidimos levantar-nos e ir à porta da frente, ao lado do motorista. A saída era lá e era melhor estar mais perto. Ao atravessar o autocarro, a falar em inglês e a rir da situação, um senhor de idade perguntou se precisávamos de ajuda. Parecia japonês, mas também turista e falava fluentemente inglês.
Tivemos sorte. Expliquei onde queríamos ir e ele disse "não se preocupem, também vou para lá". Então a conversa começou. De onde são? O que fazem aqui? Quanto tempo vão ficar? Estão a gostar? Descobrimos que estava com a esposa, que não falava inglês. Estava aposentado e tinha sido professor na Universidade. Falava inglês, espanhol e adivinhem, algumas palavras de português.
Tinha estado em Portugal várias vezes e era fã de um dos nossos famosos cantores de fado: Amália Rodrigues. Fado é o nosso famoso tipo de música. Significa destino e só existe em Portugal. Ele tinha viajado por todo o mundo. Orgulhosa do meu país e da cultura, a conversa continuou. Saímos do autocarro e eles ofereceram-me um leque. Um leque o Super Mário. Foram tão queridos. Estavam felizes por nos conhecerem e nós ainda mais felizes por conhecê-los.
Começámos a ir para o nosso destino. Vendo o templo budista ao fundo. E ao mesmo tempo ele põe-me a ouvir a sua música num iPod. Eu pensei, uau em Portugal, os senhores de uma certa idade não andam com um iPod. E adivinhem, de repente, eu estava a ouvir Amália Rodrigues na rua em Kyoto!
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