Viagens de um Solteiro: Uvas passas

por Marta Pimenta de Brito


Tinha uma viagem marcada para a Irlanda.

Desde criança, tinha a ideia de um dia visitar a Irlanda. Tinha que ser como no cinema: verde, bonito e muito bonito.

Então, passo o Natal e vou. Tinha uma amiga que se queria juntar. Éramos de países diferentes, por isso reservámos bilhetes separados.

No momento em que chego a Dublin, recebo um telefonema dela. Teve que desistir porque tinha apanhado um vírus em Marrocos e não podia sair da cama.

Bem, o que faço agora? Volto para Portugal ou mantenho o meu plano?

Alguns amigos estavam à nossa espera em Cork e Galway, eu tinha que fazer isso.

Lembro-me de estar triste, mas mantendo-me forte. Bem, mas alugar um carro não é mais a questão. Sozinha, não me sinto bem a conduzir num país estrangeiro. Não conheço as estradas e tenho medo.

Decido ir a todos os lugares de autocarro. O tempo não está bom, chove muito. Eu faço as minhas viagens por toda a Irlanda e ainda me sinto triste.

É véspera de Ano Novo, volto a Dublin e a minha amiga não está lá. Ouvi dizer por outros amigos que há uma festa.

Pergunto sobre qual a especialidade de comida para esta noite, onde ver o fogo de artifício e dizem-me que não há nada.

Bem, no hotel sozinha, não vou ficar. Então decido  ir à festa. É num bar. Entro e há muitas pessoas. Vejo muitos estrangeiros como eu. Pessoas de todas as partes.

Começo a falar e a apresentar-me. Tenho que explicar que estou sozinha, para que cuidem de mim.

A certa altura uma senhora vem dizer-me: olhe, encontrei estes rapazes e eles têm algo para lhe dizer. "Olá, estás boa?" Incrível, dois portugueses.

Naquele momento sinto-me em casa, sinto-me protegida, sinto que já não estou sozinha.

Diverti-me toda a noite. Contava a todos que tinha conhecido dois irmãos. Alguns acreditavam, outros não, mas ninguém percebia o que queria dizer. Só nós os três.

E o que nos tornou ainda mais próximos é que no meu casaco, eu tinha algumas uvas passas. E sabem para quê?

Porque em Portugal existe uma tradição que, à meia-noite da véspera de Ano Novo, come-se doze uvas passas, uma por cada badalada do ano. Por cada uma pede-se um desejo.

Tive sorte, há sempre um português nalgum lugar deste mundo!

 

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