Quem tem um porquê encontra sempre um como

João Miguel Tavares fez um discurso do 10 de Junho que teve bastante impacto, mas também teve críticas. Quem não tem? Só quem não fala e não faz. Uma delas veio do também jornalista Daniel Oliveira e foi, “É quando se responde ao “como” que começa a política. E é sempre o “como” que custa”. No fundo, o que ele quer dizer é: muito bem, “precisamos de algo em que acreditar”, como disse JMT, precisamos de uma visão mobilizadora da parte dos políticos, sim senhor, isso é bonito. Mas como se faz isso? Por outro lado, Daniel Oliveira esquece-se da grande frase de Nietzsche: “quem tem um porquê, encontra sempre um como”. Ora, parece-me que é isso que João Miguel Tavares pede aos políticos, que nos deem algo em que acreditar, porque a seguir a ação é uma consequência.

De qualquer forma, a questão de Daniel Oliveira não é despicienda. Também se aplica a todas as nossas boas intenções. Quero amar o mundo. É bonito, mas como amo, se tenho um filho da mãe de um colega de trabalho que não aguento? Quero ser amigo do ambiente. Como sou amigo do ambiente se a minha empresa polui e não consigo agora sair deste emprego? Quero ser mais saudável. Como, se não tenho sequer tempo para investigar, confecionar e comer coisas mais saudáveis? Ou seja, a vida é um discernimento, um aprimoramento, nada se faz facilmente, há que ir ganhando skill.

Mas tudo é mais fácil se encontrarmos um sentido. Vou aguentar tudo, até um colega filho da mãe, a pedra no rim, se tenho uma mulher que me ama ao lado e dá sentido aos dias. Vou aguentar tudo pois amo os meus filhos e vou providenciar por eles. Vou viver com confiança pois acredito que o conhecimento não é apenas o da ciência, mas que existe alguma transcendência para além disto, algo para além do último suspiro desta vida.

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